Em recente pronunciamento durante solenidade na Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), o Ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), destacou os avanços nos investimentos em infraestrutura rodoviária em Alagoas nos últimos dois anos, evidenciando a elevação da qualidade das rodovias estaduais. Porém, o que mais chamou atenção para os arapiraquenses foi o anúncio sobre a possível implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Arapiraca, um projeto que promete transformar a cidade, mas também levanta preocupações para muitos de seus moradores.
O VLT e os Impactos para Arapiraca
A proposta de implantação do VLT em Arapiraca surge como uma alternativa de mobilidade urbana, prometendo melhorar o transporte público e oferecer uma opção mais eficiente e moderna para a população. No entanto, a implantação de um sistema de VLT não é isenta de desafios e pode trazer uma série de impactos negativos para quem reside ou possui comércio nas proximidades das linhas férreas.
Em cidades que já possuem o VLT, como é o caso de algumas capitais brasileiras, é possível observar que a reutilização dos trilhos para a instalação do sistemas de transporte sobre eles acabam ocupando grandes áreas urbanas. Isso pode gerar transtornos para os comerciantes e moradores localizados ao longo do percurso, já que a implantação exige o uso das áreas já construídas pela Prefeitura, interdições temporárias de ruas e até mesmo a reconfiguração de espaços comerciais, o que pode reduzir o fluxo de clientes e afetar a atividade econômica local, além da perda das áreas de lazer e de mobilidade pelos cliclistas e pedestres .
Além disso, a instalação de linhas de trem pode dividir bairros, criando barreiras físicas que dificultam o acesso a áreas antes interligadas. Esse fator pode afetar negativamente a vida cotidiana das pessoas, que podem ter dificuldades de deslocamento e perder o acesso direto a serviços e comércios importantes. Também existe o risco de deterioração da qualidade de vida nas áreas afetadas, uma vez que o VLT pode gerar mais barulho, poluição visual e aumento do tráfego de veículos pesados durante a construção.
A Ciclovia: um exemplo de valorização urbana
Por outro lado, a revitalização das margens da linha férrea em Arapiraca trouxe um avanço significativo para a cidade. A ciclovia, que já encanta moradores e visitantes, tem sido um ponto de destaque em termos de qualidade de vida e valorização urbana. Ela não só proporciona aos cidadãos uma opção saudável e ecológica de transporte, mas também é um espaço de convivência e lazer. Sua existência tem gerado um ambiente mais seguro e agradável para quem utiliza a bicicleta como meio de transporte, além de promover a saúde e bem-estar de todos que a utilizam.
A revitalização também trouxe benefícios econômicos, principalmente para os comerciantes localizados nas imediações da linha férrea. A ciclovia tornou a região mais atrativa, ampliando a visibilidade dos estabelecimentos e valorizando imóveis comerciais e residenciais ao longo de seu percurso. Esse tipo de infraestrutura contribui para a construção de uma cidade mais sustentável e integrada, onde as pessoas podem se deslocar com segurança e conforto, ao mesmo tempo em que as áreas ao redor se desenvolvem e prosperam.
O potencial conflito entre o VLT e a Ciclovia
A possível implementação do VLT em Arapiraca, portanto, apresenta um dilema: se por um lado, o novo sistema de transporte pode melhorar a mobilidade na cidade, por outro, ele pode comprometer o legado da ciclovia e os benefícios que ela trouxe para a comunidade.
A instalação do VLT pode exigir a remoção ou reconfiguração da ciclovia, impactando diretamente quem utiliza o espaço para lazer, esportes e transporte diário. Além disso, a obra pode gerar transtornos e desconforto para os comerciantes e moradores que hoje desfrutam da revitalização das margens da linha férrea, com o risco de perderem a visibilidade e a valorização proporcionadas pela ciclovia.
A necessidade de planejamento e diálogo
A decisão de implantar o VLT em Arapiraca é, sem dúvida, importante e precisa ser bem pensada, considerando todos os aspectos sociais, econômicos e ambientais. O ideal seria que o projeto fosse implementado de maneira integrada, preservando as áreas revitalizadas, como a ciclovia, e minimizando os impactos negativos para a comunidade.
É fundamental que as autoridades municipais, estaduais e o Ministério dos Transportes abram um canal de diálogo com os moradores, comerciantes e demais interessados, para discutir alternativas que contemplem os benefícios do VLT sem prejudicar a qualidade de vida e o desenvolvimento local que a revitalização da linha férrea já trouxe.
Em última análise, a cidade de Arapiraca tem o potencial de se tornar um modelo de mobilidade urbana, mas é preciso garantir que as melhorias não venham acompanhadas de perdas significativas para a comunidade. A busca por soluções que conciliem as necessidades de transporte público e o bem-estar dos cidadãos deve ser uma prioridade.