Ao longo da história, a relação entre poder político e sociedade tem sido objeto de reflexão profunda, retratada em obras como Leviatã, de Thomas Hobbes, Tratado sobre a Tolerância, de Voltaire, e Germinal, de Émile Zola. Esses livros oferecem perspectivas complementares sobre a dinâmica entre governantes, instituições e o povo, e ajudam a compreender os perigos da concentração de poder, especialmente em contextos onde a corrupção é mascarada por discursos populistas.
Em Leviatã, Hobbes argumenta que, para escapar de um estado de natureza caótico, os indivíduos devem ceder parte de sua liberdade a um governo forte que garanta a ordem. Contudo, quando esse poder absoluto se alia a elites corruptas, o contrato social perde sua essência original. O Estado, que deveria proteger o bem comum, transforma-se em um mecanismo de opressão, concentrando poder e silenciando qualquer forma de oposição.
Voltaire, em Tratado sobre a Tolerância, aponta como ideais de liberdade e igualdade podem ser manipulados por líderes populistas. Esses governantes utilizam narrativas de união e justiça social para conquistar a confiança do povo, mas frequentemente desviam tais princípios para sustentar interesses próprios. A corrupção se disfarça de compromisso ideológico, enquanto promessas vazias mantêm a população iludida e presa em um ciclo de desinformação.
Já em Germinal, Émile Zola expõe a realidade brutal da exploração das classes trabalhadoras pelas elites econômicas e políticas. A obra destaca como as instituições que deveriam proteger os mais vulneráveis frequentemente atuam em conluio com aqueles que os exploram. Essa dinâmica é refletida em sistemas de poder contemporâneos, onde alianças entre governos populistas, Supremo Tribunal e Congresso criam uma fachada de estabilidade que não reflete as reais necessidades do povo.
O que emerge dessas análises é um padrão recorrente: a concentração de poder nas mãos de líderes populistas, aliados a instituições judiciais e legislativas, frequentemente resulta em corrupção sistêmica. Enquanto o povo é seduzido por promessas de progresso e justiça, a realidade subjacente é de manipulação e repressão. A falsa sensação de união nacional serve apenas para perpetuar privilégios e interesses particulares, mantendo as massas em um estado de conformidade e alienação.
As lições trazidas por essas obras literárias são um alerta poderoso. Elas mostram que, sem consciência crítica e participação ativa da sociedade, o ciclo de exploração e engano tende a se perpetuar. A luta por transparência, responsabilidade e uma distribuição justa de poder é essencial para evitar que as instituições democráticas se transformem em instrumentos de opressão. A história, como retratada por Hobbes, Voltaire e Zola, demonstra que o preço da liberdade é a vigilância.
Na atualidade, os alertas de Hobbes, Voltaire e Zola permanecem mais relevantes do que nunca. Em um cenário global onde discursos populistas ganham força, governos concentram poder e instituições muitas vezes falham em proteger os interesses do povo, é essencial que a sociedade esteja atenta aos mecanismos de manipulação política. A combinação de promessas vazias, narrativas ideológicas e corrupção institucionalizada ameaça não apenas a democracia, mas também a dignidade de quem vive sob essas estruturas. Para romper esse ciclo de exploração e engano, é necessário fortalecer a educação crítica, exigir transparência e resgatar o verdadeiro espírito de justiça e equidade social.