No dia 23 de novembro de 2013, o Nordeste perdeu um de seus maiores ícones culturais: José Cícero dos Santos, conhecido popularmente como Zé do Rojão. Natural de Taquarana, Alagoas, ele faleceu há 11 anos, mas sua marca permanece viva na memória de todos que tiveram o privilégio de acompanhar sua trajetória. Radialista, cantor e compositor, Zé do Rojão dedicou mais de 50 anos de sua vida à cultura regional, deixando um legado indiscutível nas ondas do rádio e no coração dos nordestinos.

A Trajetória de Zé do Rojão

Nascido em 27 de fevereiro de 1938, em Taquarana, Zé do Rojão iniciou sua carreira artística ainda jovem. Em 1954, aos 16 anos, se envolveu com a radiodifusão em Maceió, participando do programa Vesperal das Senhorinhas, apresentado por Odete Pacheco. Mas foi em 1976, na Rádio Novo Nordeste AM, que ele conquistou a fama, com o lançamento do seu programa O Rojão do Nordeste, que se tornou um verdadeiro companheiro das manhãs dos nordestinos. Com um estilo irreverente e uma voz inconfundível, Zé do Rojão transmitia alegria e cultura por meio do rádio, levando música, informação e entretenimento para todos os cantos do Agreste e Sertão alagoanos.

Além de sua carreira no rádio, Zé do Rojão também fez história como cantor e compositor. Gravou diversos LPs e CDs, com destaque para os álbuns Boca de Forno e Zé do Rojão, Poesias Matutas, onde se mostrou não só um excelente intérprete, mas também um poeta das tradições nordestinas. Ao longo de sua carreira, dividiu palco com grandes nomes da música regional, como Luiz Gonzaga, Genival Lacerda e Jacinto Silva.

Reconhecimento e Homenagens

Em 2012, a Câmara Legislativa Municipal de Arapiraca reconheceu sua importância para a cultura local e regional ao conceder-lhe o título de “Cidadão de Arapiraca”, uma honraria que simboliza o carinho e a gratidão da cidade que o acolheu e lhe deu palco para sua arte.

Em 2010, a Rádio Novo Nordeste, onde trabalhou por décadas, batizou um de seus estúdios com o nome de Zé do Rojão, como forma de homenagear sua contribuição inestimável à rádio e à cultura nordestina. Além disso, em 2011, o Museu Zezito Guedes em Arapiraca promoveu uma exposição chamada O Rojão do Nordeste, que contou a história do mestre do rádio e de sua importância para a música popular nordestina.

O Legado Imortal

Zé do Rojão não foi apenas um artista, mas uma verdadeira referência para o rádio interiorano. Sua voz marcante e seu entusiasmo contagiante ajudaram a consolidar a Rádio Novo Nordeste como uma das principais emissoras da região. Com mais de 50 anos dedicados à arte, ele se tornou um símbolo de resistência cultural, levando as tradições do Nordeste para além das fronteiras de Alagoas.

Mesmo após sua morte, o vazio deixado por Zé do Rojão é sentido em toda a cultura nordestina. Sua presença nas rádios, nas festas populares e nos corações dos nordestinos não será esquecida. Ele representa a essência da música e da comunicação do interior, da vivência do povo simples e trabalhador, sempre com muito orgulho de suas raízes.

Neste 11º aniversário de sua partida, a memória de Zé do Rojão continua viva nas canções, no rádio e nas histórias contadas pelos que o conheceram. Um verdadeiro ícone que, apesar da sua ausência física, segue presente na cultura nordestina.